segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O bem do desapego

É quando nos preparamos para
mudar que percebemos a
quantidade de coisas que guardamos
sem necessidade.

Nem sabemos por que o fazemos,
mas temos medo de um dia precisar
disso ou daquilo e vamos
acumulando nossas preciosidades,
se assim podemos dizer.

Grande armário é o nosso coração
e a nossa alma!
Imagino que se um dia tivéssemos que
"mudar" esse pedacinho de nós,
encontraríamos nele muitas coisas
desnecessárias das quais
tivemos dificuldade para
nos desvencilhar.

Como nos nossos armários
há roupas que nem nos cabem mais,
nas gavetas objetos inúteis,
há nesse nosso coração certamente
sentimentos que há muito
deixaram de nos servir,
mas que continuam intactos,
como se o tempo para eles
não tivesse passado.

As águas correm nos rios,
mas não no nosso interior.
Elas levam o que encontram pela frente,
mas nós nos apegamos
ao inútil e nos impedimos assim
de desembocar no grande
mar da vida que nos oferece
novos horizontes.

Se um dia decidirmos mudar
de casa e nos oferecermos uma nova vida,
não precisamos deixar
tudo e nem carregar tudo.
Um coração sábio saberá escolher
o que deve ser
aproveitado ou não.

Os carinhos que recebemos
permanecerão intactos,
mesmo se as flores se secaram
e as cartas se perderam.

Antigas e amareladas mágoas
nunca têm utilidade,
a não ser para envelhecer
e entristecer nossa alma.

Coisas que começamos
e nunca terminamos ou continuamos,
ou desistimos.

Não é vergonhoso deixar coisas para trás,
pesado mesmo e seguir
em frente carregando essas mesmas
coisas que nem sabemos
onde vamos colocar.

Valioso demais é nosso coração
para que seja maltradado,
para que seja a ele negada
a chance de se oferecer novas
oportunidades e novos ares.

Cultivar no seu jardim
a flor do desapego não significa
amar menos ou deixar de apreciar
o que de bom a vida nos oferece.

Apenas mudar nosso olhar
em relação ao mundo e se dizer
que as coisas realmente bonitas
e importantes ficam gravadas para
sempre nas paredes da nossa alma,
seja qual for nosso caminho.

TEXTO: Letícia Thompson
* * * * *
Texto enviado aos amigos do Grupo Mensagem de Domingo,
dia 14 de Dezembro de 2.008.

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